A Esperança Cristã
‘O mundo será de quem, desde esta terra, lhe possa oferecer a maior esperança’. (Theilhard de Chardin) Será que este mundo precisa de esperança? Para responder a esta pergunta é imperioso dizer o que se entende por mundo. Entende-se por mundo o cosmos total; os seres animados, nos quais se inclui o ser humano, e os seres inanimados.
O que norteia o homem é a esperança, esperança essa que pode ser sectorial, algo específico e particular, ou compreensiva, que abarca a vida toda da pessoa.
Esta última aguarda a vinda de um estilo de ser homem de uma qualidade de vida distinta da que actualmente se vive. Digamos que a pessoa comprometida com Jesus de Nazaré está envolvida num tipo de esperança compreensiva.
Porém, segundo S. Paulo, não só o homem é sujeito de esperança; toda a criação aguarda ansiosa por ser liberta da servidão da corrupção para participar, livremente, da glória dos filhos de Deus (Ro 8, 20-21). A esperança cristã pode viver-se a vária dimensões das quais se salientam três fundamentais:
1ª. Dimensão – Horizonte biográfico da esperança
É típico do estilo evangélico fixar-se, de imediato, nas condições individuais concretas que determinam a vida das pessoas para, a partir daí, se perspectivar e engendrar uma forma de vida mais humanizada. Digamos que o Reino de Deus na História está sempre atravessado pela espada da tensão entre o homem que já existe e o que se continua a esperar. Este tipo de esperança identifica-se com a felicidade proclamada por Jesus no Sermão da Montanha (Mt 5, 1-12).
2ª. Dimensão – Espera do Reino de Deus
Esta é a dimensão operada em Jesus de Nazaré através da Sua crucifixão e ressurreição. O notável nesta morte é que morre Deus morrendo o homem. Mas, dessa suprema destruição aniquiladora da humanidade, surge o Ressuscitado.
O Reino de Deus chega, pela primeira vez em plenitude, a um homem; chega como primícias, como primogénito de todos os homens e de todos os tempos.
3ª. Dimensão – O horizonte de uma nova criação
O que despertou mais entusiasmo nos seguidores de Jesus foi a sua exaltação como Senhor de toda a criação. Também nesta dimensão o estado actual das coisas gera uma tensão aberta com o estado final que se espera. A consumação da humanidade do ser humano arrasta consigo a consumação de todo o ser criado; Deus se faz presente em tudo ‘recreando’ todas as coisas. Então, segundo Theilhard de Chardin, o mundo será mesmo de quem lhe possa oferecer maior esperança. Não uma esperança qualquer, mas uma esperança dirigida a um alvo significativo: Jesus Cristo, o vivente; o que dá sentido sempre novo à vida do homem.